terça-feira, 30 de setembro de 2008
Como será ser pai?
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Folhas vazias, vidas em branco ou rabiscadas demais! (Julien Costa)
Os galos parecem ter medo da escuridão, pois todas as madrugadas eles cantam como se isso fosse apressar a chegada do dia, da luz...
O copo está com pó de café no fundo, talvez porque na hora de coar, tenha transbordado e derramado a borra do café na garrafa... O silêncio é importuno, pois aumenta à solidão, a madrugada é fria, meus pés descalços, estão adormecidos por causa da temperatura do chão...
Sinto uma vontade desesperada de preencher a folha vazia, a cabeça fervilha de pensamentos desordenados, parecem até gritar cada um deles, tentando ser prioridade no primeiro parágrafo que nem foi escrito, um turbilhão de emoções transbordando nas entranhas de minha alma...
Transbordamento... Talvez seja essa a palavra certa para definir a CAPACIDADE QUE O VAZIO TEM DE NOS ENCHER COM O SEU MAIS COMPLETO E ABSOLUTO NADA!
Resolvi folhear novamente as páginas escritas, dessa vez, de forma investigativa, para saber o que o proprietário do caderno pensava, o que escrevia, como escrevia e porque escrevia... Mas isso parecia ser invasivo, violador, mas como? Se o dono daqueles escritos era eu mesmo, o caderno me pertencia, mas à medida que eu ia lendo (investigando) ficava confuso, aqueles escritos não poderiam ser meus, então eu dizia a mim mesmo: “eu não penso assim, eu não escrevo assim, eu não sou isso que leio!”
A investigação parecia querer ser comparativa, e isso era impossível de se fazer naquele instante, aquele caderno tinha 12 de anos de poeira e esquecimento, era o meu passado aqui e agora no presente, no folhear de cada página amarelada e amassada uma nova (re) descoberta! Mas algo me chamou atenção, percebi que a briga de me aceitar no passado, é porque no presente eu não parecia ser tão bom, sereno, sonhador quanto àquele que eu lia, mas aquele era eu, como deixei morrer em mim? Será que ainda existe algo dele em mim hoje, aqui e agora? E como seria eu no futuro olhando os meus escritos desse presente, como me comportaria? Será que me reconheceria? Ou teria vergonha, ou culpa de ter perdido a fé nos outros, se desconfio de mim de ontem, como posso ser um ser sociável hoje? Porque quem desconfia de si mesmo, não pode ser confiável!
Folhear meu passado me deixou confuso e saudosista, tomo um último gole do café insuportavelmente frio... Acendo um cigarro, pego a caneta, diminuo a luz do abajur, coloco o espelho diante da escrivaninha, olho silenciosamente para a última folha do meu caderno velho, olho para minha face refletida na penumbra do quarto, provocada pela meia-luz intimista, quase que um confessionário ou um cofre de segredo protegido que guarda todos os defeitos, apago o cigarro no copo de café, pois o cinzeiro já está cheio, respiro fundo e escrevo em um único parágrafo:
“Busco um sentido para o vazio que sinto, entre um parágrafo, uma vírgula e diante de tantas interrogações, fico perplexo pelo tipo de inspiração que me surge, tão melancólica e deprimente que se torna repetitiva. Qual o significado do que não se pode ser medido ou simplesmente dito? Descobri hoje, vasculhando o meu passado, que não podemos esquecer o que fomos , que devemos ter cuidado com o que somos, para não nos preocuparmos de imaginar demasiadamente no futuro, no que nos tornaremos!”
Não preenchi a folha vazia, como pretendia no início, o que deixei nesse parágrafo, talvez fosse exatamente isso que aquele caderno velho quisesse, apenas me alertar que não é o tempo que muda as pessoas, são as pessoas que mudam com o passar do tempo, com as escolhas que elas fazem...
Bem acho que vou dormir, o sol está nascendo, outra coisa que descobri é que assim como os galos que cantam todas as madrugadas, eu também escrevo para fugir da escuridão!
Amanhã lerei os tantos outros cadernos velhos e sábios...
Maceió, 05h15min da manhã de um novo dia de céu nublado e frio de Agosto...
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Título
Faz parte de mim...
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Sinto-me
Sangue quente, já não sei o que faço, como faço, estou só,
Perdido num mundo de desencontros, perdido em mim,
Dentro da bolha que chamo de eu.
Sinto-me como um rato preso em uma gaiola
Andando em círculos e olhando o mundo por
Entre as barras de ferro limitando-me num quadrado,
Perco-me entre o que quero e o que quero de verdade,
Preciso gritar, preciso morrer, preciso de você.
Sinto-me completamente sem direção,
Correndo atrás de te na contra mão,
De alguém já passado e presente na minha vida,
Em meu futuro incerto, desconcertado, imprevisível.
Sinto-me sem você e mais que isso,
Sinto-me sem mim, sem amor, sem coração,
Não tenho paixão, os olhos ardem,
Sinto-me assim sei lá, um qualquer.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Pêndulo
Como um pêndulo maluco do relógio
Que hora não sabe se fica aqui ou ali,
Como toda confusão em minha mente
Que hora tenta te procurar,
No outro segundo sabe que o melhor
A fazer é silenciar.
Minhas idéias é um transito sem sentido e direção
Se chocando, se confundido,
Chegando apenas em um lugar, em ti.
As palavras me silenciam e gritam dentro
De minha alma, quero te ouvir, viver você.
Ouvir tua música e musicar teus pensamentos.
Preciso percorrer as horas mais rápido que o tempo,
Enquanto você se guarda e me aguarda.
Atravessar os ponteiros, criar rugas antes do tempo.
E fugir do arrependimento.
Quero viver todos os momentos dentro de você....
Mesmo com hora marcada pro fim.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
sábado, 12 de julho de 2008
contenção
Do que me habilita ter o dom da escrita se
ao derramar as palavras sobre o papel em
branco não tenho forças para trazê-la até
a mim, não tenho como resolver seus
problemas, sentir seu cheiro, os lábios,
ouvir seu suspiro de leve, baixinho, do
que adianta escrever palavras se não me
trazem noticias suas, respostas de um estar
bem, do que me adianta escrever sobre o
papel se quando tudo que mais quero é
escrever em teu peito é ter você pra mim.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
rasga verbo
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
My Garden
O outono chega levando ao chão as folhas secas, pendurando nos galhos a esperança de uma nova vida, de um novo fruto. O dia fica gélido, acinzentado com a tristeza da estação a não ser pelo colorido que resiste ao tempo em meu jardim, olho através da janela de minha alma e vejo a rosa solitária, resistente a chuva, driblando com todo seu balé a força do vento e de tudo que vem com ele. A flor nos enche de alegria e de amor com seu sorriso encantado, repleto de dúvidas e certezas passadas de vidas frustradas, aquece meu coração e me confunde em sua grandeza, embriaga-me com seu perfume e todo charme. A chuva goteja delicadamente em suas pétalas que vem e vão como um trago no cigarro, numa viagem entre dedos e boca, até encontrar a terra molhada, já embriagada com doses generosas do mesmo gotejar; pulo a janela num gole de coragem e chego ao jardim, primeiro a visão, tato, depois olfato, os lábios encostam-se, o corpo aquece, então o beijo, uma vez e outra mais; o desejo, a descoberta do novo percorre por todo corpo da bela flor (mesmo quando o novo assuste por ser novo).
Me pego ali parado entre as folhas secas, caídas sobre a grama, misturando-se chegando ao cinza do dia que perde a harmonia apenas pelo amarelo da rosa. Essa rosa teimosa mantém-se intacta e distante (mesmo quando perto demais). Essa flor relutante ao vento que investe frustrante mente em tomá-la de assalto e embalar suas pétalas e todo resto como um rio que corre desesperado ao encontro do mar, confundindo o salgado e o doce sem perder o sabor (por serem diferentes se completam). Sou um jardineiro falho, repleto de erros, porém fiel e dedicado ao meu jardim mesmo que nele tenha uma única rosa; um amante da vida descriminado pelo tempo (ou pela falta dele), repleto de segredos que gritam para serem revelados. Rosa, flor bela inspiradora das noites chuvosas de outono, rosa flor triste, não se deixa amar com medo de entregar-se ao jardim por receio do que os lírios e os jasmins irão pensar de ti. Flor permita-me outro toque, tragar seu cheiro e sem pudor te transforma em rosa, eterna, mesmo que sua vida seja efêmera. Rosa linda flor, viva na mente dos poetas, dos pobres atores, viva a vida intensa e apaixonada, pois a vida só pode ser vivida por nós.
Palavras ao Vento
A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra
amor e se acha importantíssima por isso!
Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de
pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau
mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz
"abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em
príncipe e vice-versa...
Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser
coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.
Com C, "calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval",
esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data
marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar ´parabéns pra
você` e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com
assinatura embaixo".
Com D , se chega à "dedução", o caminho entre o "se" e o
"então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que
falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma
palavra que pretende ser beijo.
E tem o E de "efêmero", quando o eterno passa logo; de
"escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as
estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem
também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por
quem ganhou um pirulito, por exemplo...
F é para "fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse
assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de
verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é
toda certeza que dispensa provas.
A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a
confundem com o J. G, de "grade", que serve para prender todo
mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem
se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e
sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.
Depois vem o H de "história": quando todas as palavras do
dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer
coisa que tenha acontecido ou sido inventada.
O I de "idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de
aniversário, queira ou não queira.
J de "janela", por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim",
que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar
assim.
L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do
que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se
espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só
pode ser completamente louco.
M de "madrugada", quando vivem os sonhos...
N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho
por dentro.
O de "óbvio", não precisa explicar...
P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram
que foi Deus que inventou.
Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.
E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.
S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de
"segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo":
quando o beijo é maior que a boca.
T é de "talvez", resposta pior que 'não', uma vez que ainda
deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até
ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não
estava em outro lugar.
U de "ui", um "ai" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia
o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade
de virar nenhum, pede cuidado.
Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de
"volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que
querem que ela queira.
E chegamos ao X, uma incógnita... X de "xingamento", que é uma
palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e
de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o
português.
Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi
usada pelo Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro
não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava
liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom
motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como fica a cabeça
da gente ao final de um dicionário inteiro.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Guardanapo
O relógio anuncia as horas que perco de minha vida a cada instante me fazendo lembrar que a velhice esta um pouco mais perto de minha porta, as madrugadas a fio sozinho ao lado de um copo de vodka com gelo esquentam meu peito Congelando todo o resto, o sono me pesa os olhos e olho para aquelas gotas que deslizam pelo copo e pingam sobre a toalha da mesa indo embora com o tempo e questiono-me, ‘O que fiz de minha vida?’. Como um bom bêbado que sou, reclino minhas pernas cansadas sobre outra cadeira, fito o vazio e permito surgir em minha mente todas aquelas lembranças que me fazem sentir ainda mais derrotado, embalado pela bossa que não toca no carro, o cenário perfeito para florescer as dores do coração.
Esse canalha que não se decide entre essa ou aquela e me machuca com tamanha força que às vezes tento arrancá-lo e atira-lo na sarjeta, por que não ir mais devagar, sem pressa, com bastante medo para não se arriscar tanto; perco-me dentro de mim, do vazio que me preenche, me pego a Deus e peço-lhe forças e coragem para abrir os olhos e colocar-me de pé um dia mais. Complicamos tanto a vida que nos afogamos em nós mesmos, somos nossos piores monstros, sou um pierrô desgraçado que assassinei minhas colombinas (cometi o mesmo erro varias vezes) e deixei todas as bailarinas chorando no meio do salão; fico imaginando como seria minha vida por outros caminhos, mais simples, calmos, como minha vida poderia ser feliz ao lado de alguém que tanto me ama, porém, eu e esse meu dom de estragar sempre tudo bem antes do era uma vez... Hoje eu consigo ser seu, entretanto pergunto-me angustiante mente quando poderei ser meu?
Por que você não diz a verdade?
Para você: fechar os olhos e despencar do mundo sem pudor;
Por você: correr como louco desvairado na madrugada a procura de um sorriso seu;
Em você: fitar seus olhos, às vezes verdes como mar, às vezes azuis como o céu;
Com você: fugir do mundo em um segundo de paz no intervalo entre o suspiro e outro gozo;
Um soluço ao me perder no tempo ao te ver,
Ser mais eu estando a seu lado ou dentro de você.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Beijo tinto
Nos lábios do vinho, o beijo.
Na boca da taça o gosto da boca amarga.
Na ponta do escuro, os dedos.
Descobrindo caminhos entre bocas e pêlos.
Nos lábios do vinho o desejo;
A vontade de ter, querer, de poder...
No silencio do olhar,
Vendar para desvendar.
No gole do cigarro,
De acender o vinho.
Alimentando as batidas interruptas
De um alado coração machucado,
Dividido, partido entre razões e razões...
No sabor da fumaça o balé do tinto,
A embriaguez moral do amor,
Na volúpia de vontades reprimidas
No fundo dos copos manchados
De vermelho.
Nos lábios do outro o gosto do beijo,
No outro do ninho os efeitos do vinho.
‘Nos verbetes de uma garrafa a vontade de estar longe, de aproximar-se do ser para deixar de não ser, no atraso da paixão, uma canção para embalar a dor e a frustração. Nos lábios do vinho, palavras, disparadas, jogadas contra o nada que te consome, consomem e não te respondem nada (pelo menos não o que você quer ouvir), no último pingo, as lágrmias... ’
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
A dor
É com uma enorme lacuna aberta à força em meu peito que derramo sobre está página toda saudade que o grande homem, avô, bisavô, pai, meu pai e de mais onze irmãos, um pouco da grandeza que era Reinaldo Siqueira de Miranda, lembro-me de ficar ali sentado num canto, ouvindo suas historias (que não eram poucas) sobre sua vida, do menino nas ruas de Jaraguá que passou fome (muitas vezes chegando a desmaiar), até suas aventuras na Europa, como conquistou o mundo.
Boêmio assumido, poeta, amante, da vida e de várias mulheres, um homem inteligente que gostava de viver a vida intensamente, marreto, brigam, sonhador, alegre, feliz, amado por muitos, invejado por alguns, assim era esse homem tão especial, construiu uma vida, deu luz a um povoado conhecido mundialmente, de seu sonho nascia à praia do francês; esse homem nos ensinou com toda sua garra e coragem, o valor de cada objetivo alcançado na vida, nós somos totalmente responsáveis por nosso caminho, por nossa historia seja ela boa ou não, nos mostrou o peso de carregar o sobrenome Siqueira (privilégios o qual muitos ainda não entendem), esse moleque crescido que não desejava nada mais que seus filhos por perto, um homem que não sabia o significado da palavra fim, alguém que deixara saudades eternas nos corações daqueles que o amavam sem limites, usurpando as palavras deste homem termino minha singela homenagem a esse titã que era seu Reinaldo. “Ontem não me lembro, hoje estou vivendo e amanha não estou sabendo” e citando uma frase muito cantada por ele em nossas andadas por esta vida “e por falar em saudade, onde anda você”... Agora estais ai no céu meu pai, do lado de deus, ouvido todas as manhas os programas de rádio celestiais acompanhado de um copo de uísque ao lado de seu filho Rubian que teimou em ir antes de te e agora te recebe com todo amor e carinho que nos matemos por aqui, Te amamos muito, até um dia.
Luiz Siqueira