quinta-feira, 24 de julho de 2008
Sinto-me
Sangue quente, já não sei o que faço, como faço, estou só,
Perdido num mundo de desencontros, perdido em mim,
Dentro da bolha que chamo de eu.
Sinto-me como um rato preso em uma gaiola
Andando em círculos e olhando o mundo por
Entre as barras de ferro limitando-me num quadrado,
Perco-me entre o que quero e o que quero de verdade,
Preciso gritar, preciso morrer, preciso de você.
Sinto-me completamente sem direção,
Correndo atrás de te na contra mão,
De alguém já passado e presente na minha vida,
Em meu futuro incerto, desconcertado, imprevisível.
Sinto-me sem você e mais que isso,
Sinto-me sem mim, sem amor, sem coração,
Não tenho paixão, os olhos ardem,
Sinto-me assim sei lá, um qualquer.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Pêndulo
Como um pêndulo maluco do relógio
Que hora não sabe se fica aqui ou ali,
Como toda confusão em minha mente
Que hora tenta te procurar,
No outro segundo sabe que o melhor
A fazer é silenciar.
Minhas idéias é um transito sem sentido e direção
Se chocando, se confundido,
Chegando apenas em um lugar, em ti.
As palavras me silenciam e gritam dentro
De minha alma, quero te ouvir, viver você.
Ouvir tua música e musicar teus pensamentos.
Preciso percorrer as horas mais rápido que o tempo,
Enquanto você se guarda e me aguarda.
Atravessar os ponteiros, criar rugas antes do tempo.
E fugir do arrependimento.
Quero viver todos os momentos dentro de você....
Mesmo com hora marcada pro fim.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
sábado, 12 de julho de 2008
contenção
Do que me habilita ter o dom da escrita se
ao derramar as palavras sobre o papel em
branco não tenho forças para trazê-la até
a mim, não tenho como resolver seus
problemas, sentir seu cheiro, os lábios,
ouvir seu suspiro de leve, baixinho, do
que adianta escrever palavras se não me
trazem noticias suas, respostas de um estar
bem, do que me adianta escrever sobre o
papel se quando tudo que mais quero é
escrever em teu peito é ter você pra mim.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
rasga verbo
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
My Garden
O outono chega levando ao chão as folhas secas, pendurando nos galhos a esperança de uma nova vida, de um novo fruto. O dia fica gélido, acinzentado com a tristeza da estação a não ser pelo colorido que resiste ao tempo em meu jardim, olho através da janela de minha alma e vejo a rosa solitária, resistente a chuva, driblando com todo seu balé a força do vento e de tudo que vem com ele. A flor nos enche de alegria e de amor com seu sorriso encantado, repleto de dúvidas e certezas passadas de vidas frustradas, aquece meu coração e me confunde em sua grandeza, embriaga-me com seu perfume e todo charme. A chuva goteja delicadamente em suas pétalas que vem e vão como um trago no cigarro, numa viagem entre dedos e boca, até encontrar a terra molhada, já embriagada com doses generosas do mesmo gotejar; pulo a janela num gole de coragem e chego ao jardim, primeiro a visão, tato, depois olfato, os lábios encostam-se, o corpo aquece, então o beijo, uma vez e outra mais; o desejo, a descoberta do novo percorre por todo corpo da bela flor (mesmo quando o novo assuste por ser novo).
Me pego ali parado entre as folhas secas, caídas sobre a grama, misturando-se chegando ao cinza do dia que perde a harmonia apenas pelo amarelo da rosa. Essa rosa teimosa mantém-se intacta e distante (mesmo quando perto demais). Essa flor relutante ao vento que investe frustrante mente em tomá-la de assalto e embalar suas pétalas e todo resto como um rio que corre desesperado ao encontro do mar, confundindo o salgado e o doce sem perder o sabor (por serem diferentes se completam). Sou um jardineiro falho, repleto de erros, porém fiel e dedicado ao meu jardim mesmo que nele tenha uma única rosa; um amante da vida descriminado pelo tempo (ou pela falta dele), repleto de segredos que gritam para serem revelados. Rosa, flor bela inspiradora das noites chuvosas de outono, rosa flor triste, não se deixa amar com medo de entregar-se ao jardim por receio do que os lírios e os jasmins irão pensar de ti. Flor permita-me outro toque, tragar seu cheiro e sem pudor te transforma em rosa, eterna, mesmo que sua vida seja efêmera. Rosa linda flor, viva na mente dos poetas, dos pobres atores, viva a vida intensa e apaixonada, pois a vida só pode ser vivida por nós.
Palavras ao Vento
A primeira letra do alfabeto é também a primeira letra da palavra
amor e se acha importantíssima por isso!
Com A se escreve "arrependimento" que é uma inútil vontade de
pedir ao tempo para voltar atrás e com A se dá o tipo de tchau
mais triste que existe: "adeus"... Ah, é com A que se faz
"abracadabra", palavra que se diz capaz de transformar sapo em
príncipe e vice-versa...
Com B se diz "belo" - que é tudo que faz os olhos pensarem ser
coração; e se dá a "bênção", um sim que pretende dar sorte.
Com C, "calendário", que é onde moram os dias e o "carnaval",
esta oportunidade praticamente obrigatória de ser feliz com data
marcada. "Civilizado" é quem já aprendeu a cantar ´parabéns pra
você` e sabe o que é "contrato": "você isso, eu aquilo, com
assinatura embaixo".
Com D , se chega à "dedução", o caminho entre o "se" e o
"então"... Com D começa "defeito", que é cada pedacinho que
falta para se chegar à perfeição e se pede "desculpa", uma
palavra que pretende ser beijo.
E tem o E de "efêmero", quando o eterno passa logo; de
"escuridão", que é o resto da noite, se alguém recortar as
estrelas; e "emoção", um tango que ainda não foi feito. E tem
também "eba!", uma forma de agradecimento muito utilizada por
quem ganhou um pirulito, por exemplo...
F é para "fantasia", qualquer tipo de "já pensou se fosse
assim?"; "fábula", uma história que poderia ter acontecido de
verdade, se a verdade fosse um pouco mais maluca; e "fé", que é
toda certeza que dispensa provas.
A sétima letra do alfabeto é G, que fica irritadíssima quando a
confundem com o J. G, de "grade", que serve para prender todo
mundo - uns dentro, outros fora; G de "goleiro", alguém em quem
se pode botar a culpa do gol; G de "gente": carne, osso, alma e
sentimento, tudo isso ao mesmo tempo.
Depois vem o H de "história": quando todas as palavras do
dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer
coisa que tenha acontecido ou sido inventada.
O I de "idade", aquilo que você tem certeza que vai ganhar de
aniversário, queira ou não queira.
J de "janela", por onde entra tudo que é lá fora e de "jasmim",
que tem a sorte de ser flor e ainda tem a graça de se chamar
assim.
L de "lá", onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do
que aqui; de "lágrima", sumo que sai pelos olhos quando se
espreme o coração, e de "loucura", coisa que quem não tem só
pode ser completamente louco.
M de "madrugada", quando vivem os sonhos...
N de "noiva", moça que geralmente usa branco por fora e vermelho
por dentro.
O de "óbvio", não precisa explicar...
P de "pecado", algo que os homens inventaram e então inventaram
que foi Deus que inventou.
Q, tudo que tem um não sei quê de não sei quê.
E R, de "rebolar", o que se tem que fazer pra chegar lá.
S é de "sagrado", tudo o que combina com uma cantata de Bach; de
"segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo":
quando o beijo é maior que a boca.
T é de "talvez", resposta pior que 'não', uma vez que ainda
deixa, meio bamba, uma esperança... de "tanto", um muito que até
ficou tonto... de "testemunha": quem por sorte ou por azar, não
estava em outro lugar.
U de "ui", um "ai" que ainda é arrepio; de "último", que anuncia
o começo de outra coisa; e de "único": tudo que, pela facilidade
de virar nenhum, pede cuidado.
Vem o V, de "vazio", um termo injusto com a palavra nada; de
"volúvel", uma pessoa que ora quer o que quer, ora quer o que
querem que ela queira.
E chegamos ao X, uma incógnita... X de "xingamento", que é uma
palavra ou frase destinada a acabar com a alegria de alguém; e
de "xô", única palavra do dicionário das aves traduzida para o
português.
Z é a última letra do alfabeto, que alcançou a glória quando foi
usada pelo Zorro... Z de "zaga", algo que serve para o goleiro
não se sentir o único culpado; de "zebra", quando você esperava
liso e veio listrado; e de "zíper", fecho que precisa de um bom
motivo pra ser aberto; e de "zureta", que é como fica a cabeça
da gente ao final de um dicionário inteiro.