quinta-feira, 10 de abril de 2008

Beijo tinto

Nos lábios do vinho, o beijo.

Na boca da taça o gosto da boca amarga.

Na ponta do escuro, os dedos.

Descobrindo caminhos entre bocas e pêlos.

Nos lábios do vinho o desejo;

A vontade de ter, querer, de poder...

No silencio do olhar,

Vendar para desvendar.

No gole do cigarro,

De acender o vinho.

Alimentando as batidas interruptas

De um alado coração machucado,

Dividido, partido entre razões e razões...

No sabor da fumaça o balé do tinto,

A embriaguez moral do amor,

Na volúpia de vontades reprimidas

No fundo dos copos manchados

De vermelho.

Nos lábios do outro o gosto do beijo,

No outro do ninho os efeitos do vinho.

‘Nos verbetes de uma garrafa a vontade de estar longe, de aproximar-se do ser para deixar de não ser, no atraso da paixão, uma canção para embalar a dor e a frustração. Nos lábios do vinho, palavras, disparadas, jogadas contra o nada que te consome, consomem e não te respondem nada (pelo menos não o que você quer ouvir), no último pingo, as lágrmias... ’

Algumas de minhas paixões e teimosias, a fotografia, o teatro a publicidade, 2ª temporada do espetaculo insonia, fotos by: Luiz Siqueira.